Há nove anos, Ludmila Gusman é fotógrafa de partos. Ela já registrou 187 nascimentos em sua carreira. Mas na última segunda-feira (2/1), ela presenciou um fenômeno até então inédito nas suas fotos. O pequeno Nicolas, que nasceu de um parto cesárea com 3,38 kg e 51 cm, nasceu empelicado, no Hospital São Paulo, em Muriaé, na Zona da Mata.
Este é um fenômeno raro, que acontece em 1 a cada 80 mil partos. Nesta condição, a criança nasce envolta pela bolsa amniótica, que é a membrana que serve para que o bebê recebe nutrientes e oxigênio da mãe durante a gestação. Geralmente, ao nascer, essa membrana se rompe ainda durante o parto, mas não foi o que aconteceu com Nicolas.
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“Por ser raro, era um desejo muito grande, acho que de todo fotógrafo de parto, de estar naquele momento, de fazer esse registro. Para minha sorte, eu tive esse presente de Deus no parto do Nicolas”, confessa a fotógrafa. Ela conta que, nas primeiras fotos, antes da retirada do bebê, percebeu que havia a membrana. “Mas, geralmente, ela arrebenta, porque ela é muito fina, então nem criei expectativa”, lembra.
Quando o médico foi puxando o bebê, ela teve a confirmação: empelicado. “Eu nem sei te falar como fiz as fotos, porque foi tudo muito rápido. Eu me sinto escolhida e privilegiada por estar naquele momento e poder passar essa imagem para frente”, afirma. O momento durou apenas alguns segundos, em seguida, o médico terminou o parto e a membrana se rompeu.
Os pais não viram o filho envolto pela membrana ao vivo. O pai não queria ver a cirurgia e ele ficou no campo, que é colocado na frente da mãe e aguardou que o médico levasse o bebê para os pais. Na hora, ele foi chamado, mas não deu tempo.
Por isso, as fotos de Ludmila vão eternizar o momento especial, e, daqui os anos, o Nicolas vai poder saber o quão raro foi o nascimento. Mas não foi só a família que se emocionou com as fotos.
A fotógrafa compartilhou o registro nas redes sociais. Em pouco tempo, as imagens viralizaram. Para Ludmila, elas impressionam porque não mostram somente o nascimento: “As fotos são uma mensagem de vida, não é só a imagem de um bebê empelicado, é uma imagem de esperança, amor, otimismo, traz muitas vibrações positivas e é disso que a gente está carente.”
O parto empelicado tem maior incidência em cesarianas, já que, geralmente, a bolsa se rompe quando o bebê passa na vagina. Mas isso não significa que o fenômeno não ocorre em partos normais.
Apesar de mais raro, há alguns registros, especialmente quando o bebê é prematuro. Isso ocorre porque, nesses casos, o tamanho do saco amniótico é menor, permitindo que o bebê e a bolsa passem com mais facilidade pelo canal vaginal.
A pediatra Larissa Felizardo, que participou do parto do Nicolas, conta que este foi o terceiro parto empelicado que participou. Mas que, nem por isso, deixa de ser especial. “É sim uma surpresa, porque não é comum. E é muito bonito ver o bebê dentro da bolsa, porque é exatamente da forma que ele fica dentro do útero da mãe, sobre os nossos olhos”, explica
Ela esclarece que a condição não coloca o bebê ou a mãe em qualquer tipo de risco. “Dizem que bebê que nasce empelicado é um bebê que terá sorte”, brinca.