Diante do risco geológico em BH, a Defesa Civil do município recomenda que as pessoas observem manifestações do solo como inclinações, trincas, abaulamentos e rachaduras de terrenos e paredes. Caso algum dos sinais seja constatado, a orientação é que as pessoas saiam do local e liguem para a Defesa Civil – pelo 199 – ou para o Corpo de Bombeiros – pelo 193. “As chuvas previstas para Belo Horizonte nos próximos dias podem ocorrer de forma branda, mas também pode haver pancadas localizadas. Por isso, é muito importante que as pessoas não entrem em áreas sob risco de inundação, e, também, não permaneçam em locais que estejam sob risco geológico”, orientou o coronel da Defesa Civil Waldir Figueiredo.
Ainda de acordo com o órgão de defesa, até as 15h de ontem, a Região Centro-Sul já havia registrado mais de 50% do volume de chuva esperado para todo o mês de janeiro, ou seja, ultrapassou os históricos 174mm de precipitação. Já as regionais Barreiro, Noroeste e Oeste marcam 156,8mm, 147,6mm, e 157,2mm, respectivamente.
E os estragos já começam a surgir. Duas encostas de terra cederam e deslizaram na madrugada de ontem no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul da capital, atingindo a calçada e interditando parte da Rua Roma.
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Subsecretaria Municipal de Zeladoria Urbana (Suzurb), informou que já foram realizadas intervenções para mitigar os danos, como a remoção do material que tinha risco de ocasionar novos deslizamentos. Na base da encosta, foram instaladas “barreiras” protetivas com o intuito de minimizar os riscos de que um novo deslizamento atinja a rua.
A PBH ainda informou que já foi aberta uma licitação junto à Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi) para que sejam feitas obras no local, com serviços de contenção de gabião, drenagem com plantio de vegetação e recomposição do pavimento asfáltico.
Os moradores de Belo Horizonte podem receber por SMS os alertas de risco de chuvas fortes, granizo, tempestades, vendavais, alagamentos, ameaça de deslizamentos de terra e outros fenômenos meteorológicos. Para se cadastrar, basta enviar uma mensagem de texto com o CEP da rua desejada para o número 40199 e uma mensagem de confirmação será enviada na sequência. O serviço é gratuito.
Qualidade da água é afetada em Ouro Preto
As fortes chuvas na cidade histórica de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, têm causado inundações em casas e afetado a qualidade da água em distritos. A situação tende a piorar com o risco de deslizamentos de terra e inundações, de acordo com o alerta da Defesa Civil à população de que ocorrerão chuvas de 100mm a 200mm acumulados até amanhã. Nos próximos sete dias, o índice pode chegar a 300 milímetros de chuva.Para este fim de semana, a região da cidade com previsão de maior índice pluviométrico é o distrito de Cachoeira do Campo, seguido pelo distrito de Amarantina. Até ontem, já havia chovido 30% dos 330mm esperados para todo o mês. Em dezembro de 2022, choveu 300mm, que corresponde a 94% da média esperada para o mês. Ao comparar com dezembro de 2021, o índice de chuvas chegou a 380mm e ultrapassou 20% da média esperada para o mês.
Em janeiro de 2022, o volume de chuva foi de 425mm, 30% superior à média esperada para todo o mês. Devido ao acúmulo dos dois meses, vários escorregamentos de solo aconteceram, um deles no Morro da Forca, que soterrou o casarão histórico Solar Baeta Neves.
De acordo com o site da Defesa Civil de Ouro Preto, a cidade tem 313 áreas de risco, e esse número tem sido apontado desde as chuvas de janeiro de 2022, que deixaram mais de 200 pessoas desalojadas e desabrigadas. Em nota, a prefeitura informa que Ouro Preto tem um terreno bastante peculiar, com muitas áreas de risco geológico. Com a ocupação desordenada de expansão da cidade desde a metade do século passado, aliada às chuvas características da região, muitas famílias atualmente vivem em áreas de risco.
A prefeitura ainda diz que medidas têm sido tomadas para evitar o transbordamento de rios e deslizamento de terra na cidade. Há monitoramento constante da Rua Padre Rolim e do Morro da Forca. A prefeitura também informa que houve obras de contenção na Estrada do Salto e no Bairro Caminho da Fábrica, manutenção de estradas vicinais, manutenção e troca de redes pluviais em todo o município. Também houve o desassoreamento do Rio Maracujá, localizado nos distritos de Amarantina e Cachoeira do Campo e do Rio Cuiabá, em Santa Rita.
A grande quantidade de chuvas nos reservatórios de distribuição não é sinônimo de qualidade na água que chega à torneira dos ouro-pretanos. A Vigilância Sanitária de Ouro Preto enviou à Fundação Ezequiel Dias (Funed) amostras de água distribuídas na cidade. Segundo o relatório, foram detectadas mudanças no padrão de turbidez, de cloro e a presença de coliformes.
Um processo administrativo foi instaurado pela Vigilância Sanitária de Ouro Preto em dezembro de 2022 contra a Saneouro. A empresa sul-coreana tem até 16 de janeiro para apresentar documentos que contraponham os relatórios da Vigilância Sanitária. “Vamos apresentar o recurso e estamos tranquilos sobre o resultado que apresentaremos” diz o superintendente da Saneouro, Evaristo Beline.
Volume de rios preocupa Zona da Mata
Alagamentos ligam o alerta em cidades da Zona da Mata mineira. Em algumas delas, como Lima Duarte, pessoas já tiveram que deixar suas casas, enquanto em outras veem o nível de rios subir ameaçadoramente. A Prefeitura de Tabuleiro decretou situação de emergência no município. Segundo o Executivo municipal, “o aumento abrupto do volume de água do Rio Formoso provocou inundações, alagamentos e enxurradas em vários pontos da cidade e também na zona rural”.Em Ubá e nas cidades vizinhas, também há sinal de alerta. A Defesa Civil de Guidoval disse que “podem ocorrer cheias significativas , como alagamentos, enchentes ou inundações”. Em Guiricema, o Rio Bagres começou a transbordar, e a cheia atingiu partes do Centro. Em São Geraldo e em Visconde do Rio Branco, enchente do Rio Xopotó é risco.
Em Cataguases, por sua vez, o Rio Pomba disparou alerta da Defesa Civil para a população ribeirinha. Por causa da quantidade de chuva na cabeceira do Rio dos Bagres, em Ervália, a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) do município teve as comportas abertas na manhã de ontem. Em Lima Duarte, 67 pessoas estão desalojadas e 13 desabrigadas.
Estado de Minas