O setor de empréstimo domiciliar da Biblioteca Pública Estadual, Anexo Professor Francisco Iglésias, será reaberto após quase quatro anos fechado para obras e em razão da pandemia de COVID-19. O prédio localizado na Rua da Bahia, próximo a Praça da Liberdade, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, voltará a receber os entusiastas da literatura e o público geral no dia 27 de janeiro.
O espaço passou por uma revitalização para cumprir com recomendações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com a instalação de itens de segurança como guarda corpo das rotas de fuga, placas de sinalização e equipamentos para prevenção de incêndios, itens necessários para obtenção do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).
Para o presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia da 6ª Região (Minas e Espírito Santo), Álamo Chaves, a reabertura é fundamental para a missão social da biblioteca. “Se não tiver o atendimento, a parte humanizada, não cumpre o objetivo. Você tem um acervo, mas onde estão as pessoas? Então não tem como questionar. O empréstimo é o coração, o cerne, a mola propulsora de uma biblioteca”, ressalta.
O anexo, que ficou fechado durante a pandemia, passa por reformas desde fevereiro de 2022. A previsão inicial era de que seria entregue ainda no primeiro semestre do ano passado, no entanto, as chuvas que atingiram a capital mineira e os cuidados por se tratar de obra em perímetro tombado, atrasaram a conclusão.
Fundada em 1954, a Biblioteca Pública Estadual conta com mais de 500 mil exemplares, entre livros, revistas e jornais históricos.
A reforma tanto no prédio anexo, quanto no prédio sede, recebeu um investimento de cerca de R$ 2 milhões. O projeto foi gerido pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG), vinculada à Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra).
O acervo reúne obras representativas da produção intelectual de escritores brasileiros e estrangeiros. Também integram a Biblioteca Pública Estadual os setores com coleções de obras raras e especiais, o setor patrimonial, coleção infanto-juvenil (Biju), coleção de periódicos antigos (Hemeroteca), acervo em Braille, e a coleção de autores mineiros (Mineiriana).
Álamo Chaves ainda destacou a biblioteca como uma referência nacional e, em alguns aspectos, até internacional, além de ser bem localizada na capital mineira. “Que bom que pensaram em uma biblioteca ali quando projetaram a Praça da Liberdade. Ela pulsa no coração de Belo Horizonte”, disse.
Leitora assídua e frequentadora da biblioteca, Laila Pimenta vê a reabertura do setor de empréstimo como um ganho enorme para a sociedade e reforça a importância do incentivo à leitura. “É preciso considerar que o livro está muito caro, que as pessoas precisam escolher entre uma compra essencial ou a compra de um livro. Com o empréstimo liberado as pessoas terão acesso a cultura sem grandes custos”, argumenta.
Laila possui o chamado Clube do Livro BH, um projeto que organiza há nove anos junto a sua irmã Letícia Pimenta, de 33, que contou ler uma média de 100 livros por ano. Para a mais nova, a Biblioteca é um dos melhores caminhos para se ter contato com os livros.
“O empréstimo dá a chance da pessoa poder ler uma gama gigante de livros, facilita muito esse contato com o livro. Uma das coisas que eu vejo nesses dez anos trabalhando com literatura é a dificuldade das pessoas terem seus próprios exemplares, e a biblioteca dá essa chance. Você pode ler, devolver e ler outro livro”, expressa Letícia.