Naquele ano, ela conta que começou a sentir fortes dores nas pernas, acreditando ser em função de trabalhar em pé boa parte do dia, mas aí também surgiram manchas na pele, além da sensação de fraqueza. Então, ela decidiu procurar ajuda na unidade hospitalar em Juiz de Fora.
No início do tratamento, ela recebia transfusão e medicamentos duas vezes por semana. Porém, por não querer mais “viver daquele jeito”, Raimunda decidiu fazer o transplante, “mesmo sendo arriscado e sabendo que poderia não sobreviver”. Antes de ser confirmada a compatibilidade do doador inglês, a equipe médica constatou que os irmãos dela não eram compatíveis, e não foi encontrada medula no banco nacional. “Fiquei muito feliz. Com muita fé, eu recebi essas células. Era muito arriscado. No entanto, eu falei que eu até poderia morrer, mas seria lutando. Fiz o transplante, e logo minha medula ‘pegou’. Milagres acontecem”, relata.
Tratamento
Conforme o médico hematologista Abrahão Hallack, a paciente iniciou o tratamento no Ambulatório de Aplasia de Medula. “O procedimento representa um passo importante para o início de um programa de transplante de medula óssea que utiliza doadores fora da família. Isso possibilita a expansão do acesso a mais doadores, aumentando a oferta de tratamento para mais pessoas”, avalia. A medula foi trazida por um profissional de saúde e com a intermediação do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Criado em 1993 em São Paulo, o órgão mantém um banco de dados de pessoas dispostas a doar medula para quem precisa de transplante.
Desde 1998, o Redome, que pertence ao Ministério da Saúde, é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), no Rio de Janeiro, e conta com mais de 5 milhões de doadores cadastrados. Anualmente são incluídos mais de 300 mil novos doadores.