Ao se referir ao sofrimento de Maria, o religioso condenou a violência doméstica e o machismo. "Quantas mães foram e estão sendo mal tratadas pelo machismo, chegando à morte pelos maridos e filhos?", comentou.
Escolas
Padre Zenóbio aproveitou a pregação para falar sobre a violência nas escolas, assunto muito discutido nos últimos dias, depois que, na quarta-feira (5/4), um homem invadiu uma escola infantil em Blumenau (SC) e matou quatro crianças.
"Quantas mortes de mães professoras (estão ocorrendo)? (Isso é) fruto de uma educação voltada para o ódio, em que o aluno é quem manda na sala de aula. A escola é reflexo da sociedade", observou.
"Quantos filhos vão para a escola e não voltam mais? Quantas mães vão ali cumprir ali seu serviço, sua tarefa, e não voltam mais? São assassinadas dentro da própria sala de aula", comentou o sacerdote.
Ele lembrou que, na semana passada, leu nas redes sociais o "clamor de um mãe", que escreveu: "É preciso colocar detectores de metais nas escolas, pois nossas joias estão lá, ou seja, os filhos". Padre Zenobio criticou o incentivo ao uso de armas.
"Além da ignorância religiosa, cultural e politica, temos armas nas mãos de pessoas erradas, enquanto uns lutam por armamento da população, com justificativas não justificáveis, como, por exemplo (dizer que) 'fábricas de armas estão fechadas deixando muita gente desempregada'. Será que queremos armas ou queremos amor?", questionou.
Sem especificar, o líder religioso também disse que existem "outros lutando por fábricas de miseráveis". "E o número de famílias só aumenta. Relembramos aqui nosso papa João Paulo II, agora santo, que, ao visitar o Brasil em 1980, disse que que 'os ricos estão ficando cada vez mais ricos, às custas dos pobes, que estão ficando cada vez mais pobres'".
Ao fim da pregação, o padre da cidade-polo do Norte de Minas pediu aos fiéis para exercerem o bem sempre e iniciarem uma nova vida. "Delete o que é mal. Se necessário, destrua (tudo que é ruim) para recomeçar como uma pessoa renovada", conclamou.
Ausência do arcebispo
A Procissão do Encontro, nesta sexta-feira, não contou com a participação do arcebispo metropolitano de Montes Claros, dom José Carlos de Souza Campos, empossado no dia 19 de fevereiro. O motivo da ausência dele não foi informada pela arquidiocese.
Tradicionalmente, o evento conta com a participação de um bispo ou arcebispo. Mas este é segundo ano consecutivo que a procissão não tem a presença da liderança máxima da igreja católica na região.
Na Semana Santa de 2022, a Arquidiocese de Montes Claros estava sob o comando do monsenhor Silvestre José de Mello, na condição de administrador diocesano - o cargo de arcebispo estava vago, pois o arcebispo João Justino de Medeiros, que respondia pela instituição católica de Montes Claros, tinha sido transferido para a Arquidiocese de Goiânia (GO), sem a nomeação de um substituto dele na cidade do Norte de Minas pelo papa Francisco.
O monsenhor Silvestre não participou da celebração da Procissão do Encontro em 2022. Na ocasião, a leiga Adriana Brant Cabral fez o comentário do "momento espiritual".