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Antiquário escondido coleciona objetos e histórias no Centro de BH

 Quem passa pela portinha discreta localizada na Avenida Santos Dumont, no Centro de Belo Horizonte, não desconfia da quantidade de histórias e objetos que se encontram ali.


Quem passa pela portinha discreta localizada na Avenida Santos Dumont, no Centro de Belo Horizonte, não desconfia da quantidade de histórias e objetos que se encontram ali. No local funciona o antiquário Lanantiguidades, comandado há 18 anos por Robson Antoniazzi, que já até perdeu a conta de quantos objetos acumula. "É que aparece muita coisa bacana, sabe? E quando aparece, você vai comprando, vai comprando, vai comprando e perde a conta. Estou tentando me livrar de algumas coisas, mas eu compro mais do que eu vendo.", afirma. 
A loja de 20 metros quadrados, que mais parece um pequeno corredor, tem as paredes, o teto e até o chão cobertos de objetos curiosos. Ela começou como um local de venda de jóias.

"Um amigo tinha esse ponto aqui e me ofereceu para desovar um bocado de mercadoria. Aí montei uma loja de jóias, mas não deu certo. Sou acumulador e naquela época já comprava tudo que aparecia. Quando eu comecei a colocar as coisas aqui, o povo começou a se interessar, vir comprar e vender várias coisas diferentes", conta Robson. Desde então, o ponto virou um tesouro escondido para quem gosta de garimpar e comprar objetos antigos. 
O homem de 70 anos, que possui outro ponto de venda no Colégio Batista, comanda o antiquário sozinho e, mesmo após tantos anos, não perdeu o interesse pelas peças que cruzam o seu caminho. "É excitante para quem gosta. Eu sou antigo e eu gosto de coisa antiga", afirma, enquanto mostra gavetas abarrotadas e retira objetos até de onde nem se desconfia que poderiam sair.

"Tenho tanta coisa interessante. Por exemplo, você abre uma gavetinha assim ó: tem umas canetas de 1950. Coisa que você não acha em outro lugar. Você abre uma outra: isqueiro, tá vendo? Aí, você abre aqui: relógio, de tudo quanto é jeito que você imaginar."  Robson ainda afirma que tem uma porção de fregueses fiéis, mas que a entrada discreta também atrai novos e curiosos olhares. "Tem gente aqui que eu vou te contar, vem todo mês. E enquanto não compra alguma coisa não vai embora. Você passando assim na rua, não calcula o que eu tenho aqui, né? Mas se eu cobrasse 1 real de todo mundo que entra aqui querendo ver o que eu tenho eu ganhava 100 reais no dia", conta rindo. 

Os objetos

Até para um garimpador experiente, não é possível passar menos do que várias horas desvendando os achados e quinquilharias que Robson acumula. Mas por trás de tantos objetos também se acumulam anos de histórias que são capazes de emocionar.

"Tem gente até que chora vendo as peças. Eu tenho alguns ferros de passar roupa mais antigos aqui e as pessoas lembram da mãe, da avó, do passado, né", afirma o homem. "Trabalhando aqui, cruzei com a história de muita gente. Hoje apareceu um cara aqui falando de um caneco que o avô dele tinha, ele ficou todo emocionado de comprar."

Além de utensílios do cotidiano, o antiquário acumula peças de arte. É possível achar no acervo obra de Maurino Araújo, artista barroco que faleceu em 2020 e que possui peças avaliadas em milhares de reais. "Aquele rosto foi feito pelo Maurino Araújo, ele tem muita inspiração no trabalho do Aleijadinho, um trabalho muito bonito", conta Robson, que também cursou alguns anos de Artes Plásticas na Guignard, escola de artes em Belo Horizonte.

 

Outros hobbies

Robson Antoniazzi também revela outros interesses além da acumulação que deu origem ao antiquário. O homem também é restaurador e pintor. "A gente que gosta da área de pintura, de arquitetura, restauração, gosta disso porque faz parte da vida da gente. Tem uma pintura que eu estou acabando. Eu sonhei com essa santa me pedindo para construir uma Igreja para ela. Eu não sei se eu vou montar a Igreja, mas eu vou fazer o que eu gosto com isso que aconteceu", explica Robson mostrando uma pintura de Nossa Senhora de Guadalupe, santa mexicana. 
Mas se engana quem acha que o dono do antiquário desapega com facilidade de todos os objetos que acumula. No meio de tanta coisa, ainda sobra espaço para arrependimento quando se desfaz de algo que considera especial.

"Outro dia eu vendi uma peça que eu não gostei de ter vendido. Era um ventilador que era de Tancredo Neves. Quando ele tinha escritório aqui em Belo Horizonte, no edifício Minas Gerais, eu comprei algumas coisas, entre elas um ventilador. Ele tava aqui e eu não queria vender de jeito nenhum. Mas um cidadão ofereceu um preço mais alto e eu tive que vender", lamenta Robson. 

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