A aprovação do projeto foi cercada de empecilhos devido à falta de comunicação entre o poder público e a população. Em novembro do ano passado, o Conselho de Mobilidade Urbana da capital enviou uma carta à Superintendência de Mobilidade da PBH solicitando que o Executivo apresentasse suas propostas aos moradores e representantes técnicos do grupo.
Na época, os participantes do conselho afirmaram que o projeto, que ainda estava em fase de consulta pública, apresentava uma série de pontos que mereciam ser discutidos “com a cidade”.
De acordo com a Prefeitura de BH (PBH), o projeto prevê a implantação de faixas exclusivas e preferenciais para o transporte coletivo, no trecho que vai da Praça Rio Branco, ao lado da Rodoviária, até a Praça da Bandeira. Além disso, há previsão de construção de ciclovia ao longo da avenida.
As mudanças também esbarram na preservação do patrimônio histórico e da vegetação urbana. Apesar de a PBH afirmar que o paisagismo do local receberá um “tratamento diferenciado”, parte dos moradores teme o corte das espécimes.
Em entrevista ao
Estado de Minas, o professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais Roberto Andrés explicou que, desde que o projeto “veio à tona”, a prefeitura deu ouvidos aos movimentos sociais que tratam da mobilidade urbana. O saldo foi a alteração do texto e a exclusão da quantidade de árvores e calçadas a serem retiradas.
“A gente teve a oportunidade de debater com a BHTrans, com técnicos, e a notícia boa é que o projeto foi ajustado, melhorado, reduzido corte de árvores e calçadas, e focado no que é mais importante, que é a construção de ciclovias e faixas exclusivas para ônibus”, comemorou Andrés.
Mobilidade
Idealizado pela BHTrans, o projeto prevê a alteração da geometria dos quarteirões fechados e calçadas dos cruzamentos da Afonso Pena com as avenidas do Contorno, Getúlio Vargas e Brasil. As intervenções envolvem, especialmente, a remoção de árvores e a criação de trechos de passagem de veículos e travessia de pedestres.
A questão é que, para implantá-las, é necessária uma diminuição na área de praça desses quarteirões. A Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público (DPCA), órgão responsável pela implementação e gestão da política de proteção aos bens culturais, chegou a solicitar uma revisão da proposta, porém a BHTrans insistia na manutenção do projeto original.
Ao todo, serão 4,2 quilômetros de intervenções na Afonso Pena, partindo da Praça Rio Branco, mais conhecida como Praça da Rodoviária, no Centro, até a Praça da Bandeira, no bairro Serra, Região Centro-Sul.