O tempo médio de locomoção varia a cada região do país, sendo que a maioria (26%) dos entrevistados gasta de 30 minutos a 1 hora por dia no trânsito. Outros 21% gastam entre 1h e 2h, e 8% ficam mais de 3h no transporte.
Todo esse tempo gasto nos deslocamentos diários causa estresse na população e pode desencadear transtornos de diversos tipos. Na pesquisa, 55% afirmam ter a qualidade de vida afetada e 51% consideram que essa situação causa impactos negativos na produtividade.
De acordo com o doutor em psicologia social Cláudio Paixão, a produção hormonal que gera o estresse coloca os nervos ‘à flor da pele’ e deixa as pessoas mais agressivas e, a longo prazo, desencadear transtornos psicológicos como ansiedade, depressão, além do consumo de substâncias para buscar o relaxamento, como álcool.
“Na origem, o estresse serve para nos ajudar a sobreviver, ficar estressado é preparar para um embate. Na vida cotidiana, especialmente no trânsito, não se pode largar o carro, ônibus ou metrô e ir embora. Também não há formas de lutar contra isso, porque a pessoa não pode, literalmente, empurrar veículos da frente”, explica. A reação prepara o corpo, mas sem a ‘queima’, o excesso de adrenalina (hormônio do estresse), pode gerar até problemas digestivos. Embora difíceis, as horas no trânsito podem ser aproveitadas para que não se tenha a impressão de que aquele tempo foi perdido. “[A pessoa] pode ouvir um podcast ou algo que distraia e ajude a sentir que aquele tempo não foi desperdiçado. Outra forma é criar uma rede de amigos nesse espaço, dando caronas ou conversando com quem esteja no transporte coletivo”, diz o especialista.
Quem aproveita os longos períodos gastos no ônibus é a estudante Hully Carolina, de 19 anos. Ela passa um quarto do dia dentro do transporte e busca atividades para preencher esses momentos. “Contando o dia inteiro, são 6h em ônibus. Moro no Barreiro e para chegar na Savassi são quase 2h. Do trabalho, vou para a faculdade e depois para casa. Graças a Deus, consigo ir sentada na maioria das vezes, mas não é bom. Ainda assim, tento ler um livro e planejar o que preciso fazer no dia, para o tempo não passar em vão”, conta.
Belo Horizonte
A população de BH pode ter diminuído no Censo 2022, mas a quantidade de pessoas trabalhando na capital e o número de veículos transitando só aumenta. Para o engenheiro de trânsito e coordenador dos laboratórios Nucletrans e Transcolar da UFMG Marcelo Franco, os problemas seriam resolvidos com a implantação de metrô e sistema de trânsito inteligente.“Temos gargalos constantes. O que falta em BH é o transporte sobre trilhos, não tem VLT nem metrô, esses são veículos que dão grande acessibilidade para a cidade. Outra solução, até mais imediata, é a implantação de sistemas inteligentes, com semáforos pré-programados, mas que se conectam com centrais de controle e permitem reprogramação a depender do tráfego naquele momento, para a via fluir melhor”, diz.
Tempo médio diário gasto de locomoção
- 26% - De 30 min/dia a 1h/dia
- 24% - De 15 min/dia a 30 min/dia
- 21% - De 1h/dia a 2h dia
- 12% - Até 15 min/dia
- 8% - Mais de 3h/dia
- 7% - De 2h/dia a 3h/dia
O que dizem os usuários
“Gasto 2h30 por dia. É horrível, o ônibus é cheio, quebrado, motorista estressado.”Vilciane Alessandra, 49 anos, auxiliar de saúde bucal“Contando o dia inteiro, são 6h por dia. Moro no Barreiro, para chegar na Savassi são quase 2h. Do trabalho, vou para a faculdade e depois para casa. Garças a Deus, consigo ir sentada na maioria das vezes, mas não é bom. Ainda assim, tento ler um livro, pensar nas coisas que preciso fazer no dia, para o tempo não passar em vão.”
Hully Carolina, 19 anos, estudante
“Moro na Região do Barreiro e passo 2h por dia no transporte. É desconfortável, sempre muito cheio. Ou senta no chão ou fica em pé."Eduardo Jorge, 54 anos, contabilista
“Moro em São José da Lapa, na RMBH, e são 4h diárias no ônibus. Acho horrível, mas tento otimizar esse tempo e baixo aplicativos que agreguem em algo, como de idiomas ou assisto uma série”Giovanni Ferreira Santos, 25 anos, vendedor
Estado de Minas