O famoso queijo do Serro, na região Central do estado, há mais de 200 anos era produzido e transportado por tropeiros em seus burros e mulas. A tradição é preservada com a realização da “tropeada”, um passeio pelas ruas históricas da cidade, com os participantes montados, tendo à frente as cargas de queijos levadas em lombos de mulas, relembrando as longas viagens dos antigos tropeiros.
O evento, que é realizado na cidade histórica desde 2016, já ganhou até uma marca, “Tropeiros do Queijo”, idealizada e criada por Túlio Madureira, produtor da famosa iguaria artesanal da região, mantendo a atividade de outras gerações de sua família.
“O objetivo da “tropeada” é resgatar a tradição das tropas que transportavam nossos produtos, principalmente o queijo artesanal do Serro, valorização dos muares e sua montaria”, afirma Madureira. Ele lembra que a iniciativa também visa homenagear os tropeiros, “homens que tiveram grande importância na história do Brasil”.
O produtor salienta que a região do Serro carrega laços fortes com os tropeiros desde os tempos da colonização do Brasil. “Foi em lombo de burros e mulas que os bandeirantes trilharam esta região pela primeira vez, sob as árvores da Mata Atlântica nas Vertentes da Serra do Espinhaço e na nascente do Rio Jequitinhonha”, descreve.
A edição da “tropeada” de 2023 foi realizada domingo (3/9), no encerramento da 37ª Festa do Queijo Artesanal do Serro. O evento contou com a participação de 125 “tropeiros do queijo”. Eles saíram de um centro de treinamento de equinos e muares, a um quilômetro da área urbana, e percorreram as ruas do Serro até a Capela de Santa Rita, cartão postal da cidade histórica.
LEIA: Mercado Central de Belo Horizonte completa 94 anos
Os participantes, montados, se posicionaram em frente à igreja, no final de sua escadaria. Ali, eles receberam as “bênçãos de Santa Rita”, considerada a “guardiã e protetora das tropas”.
A organização do evento realizou a entrega do “certificado de tropeiro”. “O certificado foi criado para homenagear pessoas que tornaram lendas da nossa cultura tropeira e que, através dos relatos populares colhidos, viveram os tempos das tropas em outrora e dedicaram sua vida em fidelidade às raízes, produzindo e usando as tropas em sua sobrevivência”, explica Túlio Madureira.
Estado de Minas