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Acidentes evidenciam risco na cachoeira mais popular da Serra do Cipó

Santana do Riacho - A caminhada é considerada leve, de 6,4 quilômetros, sem grandes elevações ou depressões.


As mortes ocorreram em 15 de julho de 2019, quando dois turistas estavam na parte alta da formação, que se ergue a 80 metros, e se desequilibraram quando registravam o seu passeio na beira da garganta, por meio de um selfie. Não estavam no topo, mas, ao caírem no poço, Ismael Elias Maia, de 26 anos, e Victor Kennedy Almeida Afonso Pena, de 27, não conseguiram sair. Em 2016, outro visitante já havia se afogado no lugar, ao não conseguir fazer a travessia do poço. Mesmo socorrido de helicóptero, ele morreu.

As outras duas mortes registradas entre 2018 e 2022 na Serra do Cipó, um dos destinos mais visitados por turistas em um raio de 100 quilômetros de BH, ocorreram em áreas que não contam com estrutura de parque ou de segurança particular. Uma pessoa morreu na Cachoeira Monjolos, em 2021, abaixo da ponte do Rio Cipó. Outra morreu em 2019, na Cachoeira Baixa, na área do “Pedrão”, onde é comum o salto de paredões rochosos no rio.

O médico veterinário mineiro de Conselheiro Lafaiete, Thiago Fernandes Guimarães, de 38 anos, e a sua mulher, a empresária cearense Ana Beatriz Neves, de 29 anos, afirmam que receberam alertas sobre o perigo no parque. “Já conhecia a Serra do Cipó, mas não a Cachoeira da Farofa. Na entrada, funcionários alertaram para as pedras escorregadias. Saber nadar é muito importante. Nunca se chega pulando na água”, disse Thiago.

“É muito importante observar vários aspectos. Entre eles a saúde: passar protetor solar, usar calçado apropriado, se hidratar na trilha. Para nadar é bom chegar inteiro e se divertir, porque a cachoeira é muito bonita”, completou Ana Beatriz.Na Cachoeira Grande, que fica a 500 metros da rodovia MG-010, no distrito da Serra do Cipó, visitantes têm uma série de regras de segurança a cumprir, como não consumir álcool e não levar garrafas de vidro. Há monitoramento de salva-vidas, ao custo de R$ 50 para pessoas acima de 10 anos.


“Depois que proibimos o consumo de bebidas alcoólicas, os acidentes diminuíram demais. Mas ainda é bom ter cuidado, mesmo com o salva-vidas podendo ajudar. Há pedras escorregadias, partes mais fundas e correntezas”, afirma o socorrista do empreendimento, Marcos Vinícios Divino.

Segundo ele, na Cachoeira da Farofa os efeitos da água gelada afetam os banhistas. “As pessoas não têm costume e acabam tendo câimbras. A longa caminhada também desgasta os visitantes. Tem gente que come muito e já quer mergulhar e passa mal. Lá é muito distante para socorrer”, alerta.

Já na Cachoeira Baixa, ou Pedrão, e na Monjolos, os perigos são outros. “Lá não tem salva-vidas. O poço é muito fundo, de nove metros. Tem quem pula errado e se afoga. A correnteza é forte, a pessoa que engole um pouquinho de água já não consegue mais nadar”, alerta.


Lazer com cautela bem perto de BH

Cachoeiras da Grande Belo Horizonte também mataram quatro banhistas nos últimos cinco anos, sendo uma pessoa na queda da Estrada dos Correias, em Caeté, outra na Cachoeira da Ponte Quebrada, em Esmeraldas, uma na Cachoeira do Denílson, em Taquaraçu de Minas, e uma na Cachoeira Santo Antônio, em Raposos, na área da Serra do Gandarela. Essa última, apesar de ter registrado no período apenas uma morte, é considerada perigosa pelos donos de pousadas e campings, que sempre alertam seus visitantes para tomar cuidado. Isso porque, da metade para frente do poço, a força da queda d'água gera duas correntes que têm força para arrastar banhistas, mesmo os que sabem nadar. A energia de atração é tanta que até as pedras do leito rochoso se movem o tempo todo. Também no Gandarela, mais especificamente em Acuruí, distrito de Itabirito, a Cachoeira Chica Dona, uma das atrações mais conhecidas da região, reserva perigos. Em 2019, um homem de 43 anos e um de 30 anos se afogaram e morreram na queda d'água. No lugar, a primeira queda, de 40 metros, forma um lago raso, onde até crianças costumam nadar. A segunda, de 70 metros, forma um poço mais desafiador e a terceira, de 40 metros, precisa ser alcançada por uma trilha em mata fechada até um pequeno lago. Em todas elas, vale ter atenção para que o passeio não termine em uma armadilha.

Estado de Minas

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