Os reservatórios de ao menos oito usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste podem estar praticamente vazios até novembro, segundo um alerta feito pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), por meio de uma nota técnica.
A previsão é que ocorra a chamada "perda do controle hidráulico", o que implicaria em restrições ao atendimento energético nos subsistemas Sul e Sudeste/Centro-Oeste.
"Considerando-se as previsões de afluência [entrada de água] obtidas com a chuva de 2020, prevê-se a perda do controle hidráulico de reservatórios da bacia do rio Paraná no segundo semestre de 2021", afirma o documento.
A nota diz, ainda, que os principais reservatórios da bacia do rio Paraná devem chegar ao fim do período seco em níveis de armazenamento considerados críticos. O documento foi enviado ao Ministério de Minas e Energia e para a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento).
Pelo relatório, os reservatórios de Furnas, Itumbiara, São Simão, Nova Ponte e Emborcação devem esgotar seus volumes úteis antes do fim do período seco. Já os de Mascarenha de Moraes, Marimbondo e Água Vermelha devem terminar o período seco com nível bem crítico de armazenamento.
Os diretores da entidade recomendam flexibilizações para impedir que os reservatórios fiquem totalmente vazios e que isso afete o fornecimento de energia.
A falta de chuvas é tida como crítica na região da bacia do rio Paraná, que concentra usinas hidrelétricas importantes, como Jupiá, Ilha Solteira e Porto Primavera.
Na última terça-feira (1°), a ANA acatou um pedido para declarar emergência hídrica na bacia do Paraná. Com a medida, é permitida a limitação de volumes de captação de água nos rios.
No fim de maio, o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) se reuniu para avaliar a situação do sistema e concluiu que ela é delicada. Dados do ONS apontam que o volume de chuvas em maio se manteve abaixo do normal e a entrada do país no período seco também liga um sinal de alerta.
Com a piora do cenário de chuvas, o governo decidiu buscar usinas térmicas sem contrato em uma tentativa de reforçar a capacidade de geração no país. Desde o fim de 2020, o ONS já está autorizado a utilizar toda a capacidade térmica disponível.
A decisão vai ter impacto na conta de luz dos brasileiros -e, consequentemente, na inflação-, tanto pela cobrança de uma taxa extra para custear as usinas quanto pela perspectiva de maiores reajustes das tarifas das distribuidoras.