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Minas Gerais

Famílias buscam ajuda profissional para lidar com mau comportamento de pets em Juiz de Fora


Especialistas afirmam ser possível equilibrar a vida do humano e do cão com alinhamento de necessidades e expectativas. Conheça histórias de cães, gatos e até calopsita, bem como as técnicas para driblar os tutores no convívio doméstico. Luna sempre busca atenção, tentando subir em todo os móveis

Laís Souza/Arquivo Pessoal

Dormir na cama, subir no sofá, exigir atenção quando bem entende e, até mesmo, subir na mesa com os donos. Esses comportamentos são comuns e difíceis de corrigir em muitos pets.

Em Juiz de Fora, algumas famílias buscam ajuda profissional para "domar" os bichinhos que acreditam ser os donos da casa.

O g1 conversou com tutores de animais, que lutam contra o mau comportamento ou que aprenderam a lidar. Além disso, veja a opinião de uma profissional sobre o motivo desse tipo de hábito e como corrigir.

'Ela nos domina'

Luna gosta de subir na mesa da família

Laís da Silva Souza/Arquivo pessoal

A estudante Laís da Silva Souza, de 17 anos, é dona de uma Yorkshire Terrier chamada Luna. Com apenas 9 meses de vida, a cachorrinha já se acha a dona da casa.

"[A Luna] sobe na minha mesa de estudo, aprendeu rápido a subir no sofá, só dorme nos meus pés apesar de ter caminha e almofadas para ela", listou Laís.

Outros comportamentos da pet incluem exigir atenção enquanto a família está ocupada com trabalho e estudos, latir durante as conversas e não gostar de ser deixada sozinha. Segundo a estudante, "[ela] fica nos rodeando sempre que estamos perto do armário de roupas. Já entende a frase 'vamos na vovó' e 'vamos na rua' como comando para que ela esteja sempre na porta da sala para sair de casa [junto]".

A família de Laís optou por uma Yorkshire Terrier por saberem que se tratava de uma raça brincalhona, companheira e com bastante energia.

Desde cedo, Luna foi ensinada o lugar certo de fazer as necessidades e aprendeu alguns truques, como sentar, deitar ou dar a patinha. Ela também entende o comando "não", mas nem sempre obedece.

"Acredito que no começo demos muita liberdade de espaço, [deixando ela] ficar pela casa, quando o ideal é deixá-la em um cercadinho pequeno. Isso fez com que ela tivesse a sensação de dominação pela casa toda", opinou Laís.

A estudante tenta corrigir o comportamento, ao deixar as portas dos cômodos fechadas para que a Luna entenda que aquele não é o espaço dela.

Mas confessa que a ajuda profissional pode sim, ser necessária: "sempre vamos deixando para depois [o adestramento]. E acabamos seduzidos com a inteligência dela para algumas situações", explicou.

"Ela nos domina, mas é mais pela inteligência dela em lidar com as nossas rotinas", concluiu Laís.

'Ela não acha que é dona da casa...ela tem certeza'

Amora andando de carro com a família

Glauce Cristina da Silva/Arquivo pessoal

Amora, a Basset de 5 anos de Glauce Cristina da Silva, tem liberdade total dentro de casa. Mas, diferente de outras donas, Glauce não se importa com o comportamento do pet.

"Não me importo com o comportamento, porque ela não faz nada que nós vejamos como ruim. A gente brinca que ela não acha que é dona da casa...ela tem certeza. Isso porque ela transita pela casa em todos os cômodos sem restrição; como fica dentro de casa, nós permitimos que ela suba na cama e no sofá, mesmo tendo uma caminha só para ela no chão".

Apesar disso, Amora é doce, educada e obediente. Entende quando os donos dizem "não", mas tem personalidade forte e, às vezes, late até conseguir o que quer.

Segundo Glauce, a pet é tratada como uma filha dentro de casa. A família educa, mas entende o comportamento e não a limita de nada.

A mãe da cachorrinha ainda mencionou o quanto ela foi especial durante a pandemia, momentos de tanta apreensão no ambiente familiar.

"Ter a Amora num período de pandemia foi uma das melhores coisas da minha vida. Num momento em que tivemos um problema de saúde com meu pai, um monte de medos e incertezas e uma pandemia trazendo tanto medo essa mocinha sempre foi nosso aconchego. Uma sensibilidade sem tamanho", finalizou.

'Equilibrar a vida do humano e do cão'

O g1 conversou com Nathália Demétrio Bezerra, treinadora equilibrada que trabalha com adestramento de cães no @vidabul.

"O treinador equilibrado sabe corrigir e recompensar, sabe condicionar o cão e, principalmente, sabe lidar com a natureza dele em toda sua plenitude, não se limitando ao que as pessoas pensam que é bonito ou feio", explicou a profissional.

Segundo Nathália, o objetivo principal do adestramento é "equilibrar a vida do humano e do cão, alinhando necessidades e expectativas".

"O trabalho de adestramento é personalizado, pois, cada cão tem sua necessidade específica e cada humano tem as suas expectativas e necessidades. O [objetivo] de adestramento é equalizar isso tudo. Normalmente, envolve a parte de obediência e de comportamentos".

A treinadora explicou que, embora algumas raças possam influenciar no comportamento natural dos cães, é o ambiente em que ele vive que determina os hábitos e jeitos.

Isso significa que a família tem total participação nos comportamentos dos cães. Quando não há consistência e clareza quanto a proibição de subir na cama, por exemplo, o animal não entende o comando e continuará com o hábito.

Para evitar que o pet cresça já com esses comportamentos indesejados, a recomendação de Nathália é manter as regras claras desde o começo da relação com o animal. Além disso, o adestramento é algo a ser considerado até mesmo antes do comportamento ruim aparecer.

"O profissional deve ser buscado quanto antes, mesmo se os donos não percebem nada de errado, pois essa percepção pode estar considerando só a parte humana da equação", opinou.

"Um exemplo: muitas vezes o dono não se incomoda com o cachorro que fica latindo no portão, mas esse comportamento em excesso pode afetar até a saúde do cão e aumentar as chances [de doenças]".

Quanto ao tempo de treinamento, a profissional explicou não haver uma receita: em alguns cães, o comportamento pode ser resolvido em alguns minutos. Outros levam semanas para aprender as ordens.

Segundo Nathália, o adestramento é parte fundamental da criação de um pet, para manter o ambiente familiar pacífico e respeito entre as duas partes.

Colocando em prática

O cão Gonçalves foi um dos animais que aprendeu noções de limite com a Nathália.

Gonçalves, cão SRD de Déa Desiré de Oliveira

Déa Desiré de Oliveira/Arquivo pessoal

Um cão Sem Raça Definida (SRD) de 3 anos, ele é um exemplo dos pets que precisaram passar por adestramento para melhorar o comportamento.

A dona de Gonçalves, Déa Desiré de Oliveira, contou ao g1 que o cão é educado e obedece ordens. O problema maior, e o motivo da família ter buscado ajuda profissional, é a grande quantidade de energia dentro do bichinho.

"Ele é bem comportado, [mas] tem bastante energia, gosta muito de correr pela casa, gosta de brincar com alguns brinquedos. Nunca tivemos problemas com xixi e cocô no lugar errado. Ele nunca foi de morder os móveis, destruir colchão, essas coisas. É inteligente e aprende rápido os comandos, mas é bem malandro também!"

O adestramento foi visto como solução quando um pet shop foi aberto próximo à casa da família. Gonçalves, com olfato e audição apurados, começou a ficar ainda mais agitado. O adestramento foi para ensiná-lo a se controlar e se acalmar sozinho.

Gonçalves na esteira, técnica usada para gastar energia

Déa Desiré de Oliveira/Arquivo pessoal

Desde o começo do tratamento, a família do cãozinho aprendeu novas técnicas de domá-lo e atividades para gastar a energia.

"[A profissional que nos atendeu] criou um plano específico de trabalho para ele. Ela nos apresentou o enriquecimento ambiental, que é excelente para ocupar a cabecinha dele, e tentamos seguir ao máximo todas as instruções passadas", comentou Déa.

Gonçalves no "place"

Déa Desiré de Oliveira/Arquivo pessoal

Gonçalves também tem um "place", um tapetinho para onde ele vai para aprender a desenvolver a calma sozinho. Déa também costuma usar a técnica de "alfarrol" para domá-lo, que consiste em um processo de submissão do animal para ele entender quem é que manda na casa.

Segundo a dona, o comportamento do pet tem melhorado gradativamente desde o começo das sessões de adestramento.

Com felinos também é possível

O g1 também conversou com donos de gatos e pássaros sobre os maus hábitos em casa. Lucas Sales Furtado é dono do Greg, de 5 anos, e conta que o pet era bem bagunceiro quando era mais novo.

Após a castração, Greg melhorou um pouco o comportamento e, quando ele está muito agitado, a família de Lucas costuma borrifar um pouco de água para acalmá-lo.

Lucas e e o gato Greg

Lucas Sales Furtado/Arquivo pessoal

Já o gatinho Albert, ou Betinho, de Isadora Liège, é de um comportamento bastante educado. Segundo a dona, o motivo disso pode ser a idade que o pet tinha quando foi adotado.

"Adotei ele com três meses e dizem ser a idade certa, porque aí ele já aprendeu alguns costumes com a mãe, como fazer as necessidades na areia", explicou Isadora.

Quando o gatinho faz algo errado, a ação de Isadora é falar com ele firmemente e nunca usar agressão física.

Sobre o adestramento, Liège diz que "colocaria em adestramento para ele ter mais confiança nas pessoas estranhas. Quando ele era pequeno, ele era muito tranquilo com quem ele visse pela primeira vez. Hoje em dia ele tem muito medo de estranhos".

Alberto, ou Betinho, gato de Isadora Liège

Isadora Liège/Arquivo pessoal

Sobre o assunto, a veterinária Priscila Dourado Rezende da @eusoulcat explicou que fatores fisiológicos ou patológicos podem influenciar nos comportamentos indesejados em gatos. Segundo ela, a maior queixa no consultório é de gatos que mordem os humanos.

"Na maioria esmagadora das situações, nós não estamos falando de um problema comportamental e sim de uma patologia que precisa ser tratada", explicou a profissional. Segundo ela, a recomendação principal é buscar um profissional para analisar a situação.

Em casos em que o motivo é puramente comportamental, Priscila afirmou que provavelmente tem a ver com a criação fornecida pelo dono.

"Naqueles gatos que são naturalmente sociáveis, o problema geralmente está na construção da relação social do gato com o tutor, outros animais ou outras pessoas", afirmou.

Para evitar problemas futuros, a profissional indicou que o pet tenha o maior contato possível com outros animais e humanos durante os primeiros quatro meses de vida, além de aprender a andar na coleira e conhecer a caixa de transporte.

Além disso, ensinar o gato a brincar de maneira correta também é imprescindível. "Os tutorem têm um péssimo hábito de brincar com a mão, como caça. E isso geralmente chega depois no consultório como mordidas, que vão ficando cada vez mais graves", contou.

Outros problemas comportamentais também podem ser decorrentes do tédio. Segundo a veterinária, gatos sem estímulos dentro de casa tendem a dormir mais, o que pode ser perigoso para o organismo, e também de buscar outras maneiras de se manter entretido.

Sobre maneiras de corrigir o comportamento, a médica afirmou que não são recomendadas as correções negativas, como agressões ou jogar água no animal.

"Existe adestramento para gatos? Sim, existe e ele é bem mais lento do que o adestrando para cães". Mas eu te pergunto se existe a necessidade de adestramento de gatos? (...) A gente tem que tomar muito cuidado com essa 'antropomorfização' dos animais, essa transformação de animais em seres humanos".

De acordo com ela, a mania de tratar os gatos como bebês também pode gerar os problemas de comportamento, já que o animal sente que perdeu o controle da própria vida.

"A gente precisa dar a eles capacidade de decidir algumas mínimas coisas: se ele quer ficar no alto ou no baixo, se quer comer naquela vasilha ou se a gente pode entrar com um enriquecimento alimentar", listou.

"Essa relação do animal com o tutor precisa ser saudável para as duas espécies", concluiu Priscila.

Veja como lidar com o comportamento de pássaros (Foto de arquivo)

Wilson Aiello / EPTV

Já sobre pássaros, o g1 conversou com o veterinário Moacir Ferreira, que explicou que esta categoria de animais vive em bandos na natureza e, nessas circunstâncias, sempre há um líder.

"Quando a gente domestica esse animal, (...) [o pássaro] também vai escolher um líder, uma pessoa que ele respeita um pouco mais", revelou. Normalmente, o líder escolhido pelo animal é aquele que o alimenta e limpa.

"Desde filhotinho, a gente precisa treinar o animal, adestrar e educar. A partir do momento que você dá uma brecha ao animal, ele começa a fazer o que bem entender".

Já para aqueles que não começaram a correção cedo ou adotaram o animal já adulto, a recomendação de Moacir é buscar um profissional médico veterinário para fazer a correção de forma correta e saudável para o pássaro.

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