PBoC reduziu a taxa básica de juros, referente a empréstimos de um ano, de 3,85% para 3,80% A decisão do Banco Central da China (PBoC, na sigla em inglês) de reduzir a taxa básica de juros, referente a empréstimos de um ano (LPR, na sigla em inglês), de 3,85% para 3,80%, é uma indicação de que o governo chinês pretende apoiar a economia dando continuidade à flexibilização monetária, uma vez que essa ferramenta permanecia inalterada há 20 meses e que a decisão ocorre após a redução do compulsório bancário em moeda local no início do mês.
O economista-chefe para Ãsia da Capital Economics, Mark Williams, lembra que o corte na LPR ocorreu dias depois da Conferência Central de Trabalho Econômico, na qual as lideranças políticas destacaram a necessidade de mais apoio à economia. “A reunião de planejamento econômico para 2022 e o consequente corte da LPR deixa poucas dúvidas de que tal apoio está sendo intensificado”, avalia.
Para ele, o comunicado do encontro realizado em Pequim praticamente deixou “telegrafada” uma mensagem de que haveria um corte nas taxas referenciais de juros nos dias seguintes, conforme ocorrido. “Ao mesmo tempo, não estamos convencidos de que a independência do PBoC está sendo restringida”, emenda Williams, da Capital Economics.
PBoC, o banco central da China
Nelson Ching/Bloomberg
Na visão do Société Générale, restritivo é o ciclo de afrouxamento monetário, uma vez que a taxa de empréstimos de cinco anos, que é a referência para as hipotecas, seguiu estável em 4,65%, apesar do “passo importante” dado hoje com o corte na LPR de um ano. “Não há incentivos suficientes de flexibilização da liquidez pelo PBoC até o momento”, afirmam as analistas Wei Yao e Michelle Lam, em relatório.
Segundo elas, apesar do corte recente de 0,50 ponto percentual (p.p.) no compulsório bancário, a redução resultante nos custos de financiamento dos bancos equivale a apenas 1 p.p. do total em dívida dos empréstimos bancários. “Conseqüentemente, o corte âprematuroâ da LPR fala de intenções políticas: o PBoC quer oferecer mais flexibilização à medida que se preocupa mais com o ímpeto econômico”, emenda o SocGen.
Para Wei e Michelle, as medidas até agora, nos âmbitos monetário, de crédito e fiscal ainda não parecem suficientes para estabilizar o crescimento econômico da China nos próximos meses, considerando-se também os ventos contrários a serem enfrentados no primeiro semestre de 2022, relacionados à variante ômicron do coronavírus e os impactos na atividade. “Portanto, pode-se esperar por mais estímulos”, concluem.
Nesse sentido, a estrategista sênior do Rabobank, Jane Foley, lembra que indicadores econômicos recentes – incluindo vendas no varejo e investimento em ativos fixos – desaceleraram na China, sugerindo um afrouxamento monetário adicional. “Dito isso, a decisão de hoje do PBoC não deixa nenhuma dúvida de que as lideranças estão preocupadas em estimular a economia do país”, afirma.