O presidente Jair Bolsonaro (PL) demonstrou, nesta quinta-feira (17), preocupação com o desânimo de parte do eleitorado que o elegeu em 2018.
Em declaração após cerimônia de hasteamento da Bandeira Nacional, no Palácio da Alvorada, o presidente condenou a abstenção e chamou atenção para o que ocorreu nas eleições do vizinho, o Chile.
“O pessoal muitas vezes reclama: "Ah, o Chile". O Chile, quem decidiu [as eleições] foram os omissos. O pessoal não quis votar em ninguém, a esquerda sempre votou, não reclame. E assim com vários outros países. A democracia é linda, maravilhosa, mas passa pelo eleitor”, declarou Bolsonaro.
Ele pretende disputar a reeleição em outubro deste ano e tem como um dos principais adversários o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Porém, o argumento do chefe do Executivo federal não tem respaldo nos números oficiais chilenos. Segundo o Serviço Eleitoral do Chile (Servel), 8,3 milhões de chilenos participaram das votações em dezembro de 2021, que tiveram como resultado a eleição do candidato da esquerda e ex-líder estudantil Gabriel Boric, da coalizão Apruebo Dignidade.
Esse número corresponde a uma participação de 55,4% da população num país onde o voto não é obrigatório, o que é diferente da realidade brasileira.
Reforçando sua inquietação com a possibilidade de alto índice de abstenções, Bolsonaro acrescentou que "a pior coisa que você [eleitor] pode fazer é anular seu voto".
“A decisão de vocês vem no voto. Tem eleições este ano, cada um vota em quem achar que pode ajudar a melhorar o seu país. A gente não vai entrar em detalhes outros. É a consciência, o entendimento e a responsabilidade. A pior coisa que você pode fazer é anular seu voto, a pior coisa. Você está delegando a terceiros decidir, então, o futuro do Brasil.”
A cerimônia de posse de Boric ocorreu na última sexta-feira (11) e não contou com a presença de Bolsonaro, que em mais de uma ocasião criticou as eleições chilenas.
Quem representou o governo brasileiro e fez a diplomacia com o Executivo chileno foi o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos).
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