DJ possui música com ritmos indígenas e pretende lançar projeto sobre Amazônia. Encontro nacional dos estudantes tem quatro dias de atividades e reúne, ao todo, cerca de 2 mil pessoas. DJ Alok participa de debate durante Encontro Nacional de Estudantes Indígenas na Unicamp
Fernando Pacífico/g1
O DJ Alok, autor de uma música com sons de rituais indígenas e que vai lançar outro trabalho sobre a Amazônia no segundo semestre, participa nesta quinta-feira (28) de uma roda de conversa durante o 9º Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (Enei), evento que ocorre na Unicamp.
O DJ debate o tema "Somos Ancestrais do Futuro" em mesa composta também pela professora e apresentadora Célia Xakriabá e o DJ Erik Terena, que produz músicas com artistas indígenas e é jornalista.
Segundo a organização do Enei, a participação de Alok é importante para "refletirmos os apoios dos não-indígenas dentro da Indústria Musical e Cultural".
"Dj Alok é o maior Dj brasileiro, que recebe uma grande visibilidade junto com o trabalho aos povos indígenas", afirma a organização do evento.
Bandeira do Brasil durante Encontro Nacional de Estudantes Indígenas, que ocorre na Unicamp
Fernando Pacífico/g1
A previsão é que sejam tocadas, durante o debate, músicas produzidas com indígenas e um trecho do documentário sobre ancestralidade que o instituto de Alok está gravando.
Alok, que já se manifestou contra o marco temporal para demarcação de terras, interrompeu uma viagem a países europeus, onde realiza uma turnê, para participar do evento na Unicamp. Ele ficará no Brasil por 48 horas e retornará ao continente europeu.
Alok, Vitão e Maria Gadú visitam acampamento indígena em Brasília
O encontro de estudantes indígenas reúne cerca de 2 mil membros de diversas etnias. Sede do evento deste ano, a Unicamp aplica, desde 2018, um vestibular específico para comunidade e viu o número de alunos indígenas saltar 71,8% em três anos.
Indígena protesta contra marco temporal durante evento com presença de DJ Alok na Unicamp
Fernando Pacífico/g1
Em junho, quando se apresentou no rodeio de Americana (SP), Alok tocou pequenas partes do projeto sobre a Amazônia e, em entrevista ao g1, disse que o lançamento completo deve ocorrer no Rock in Rio.
"Esse é o meu projeto mais importante até agora, porque ele não é para mim, é para dar voz e visibilidade a esses povos que não estão sendo vistos ou ouvidos como se devia", disse o artista, na ocasião.
Estudantes durante 9º Enei, na Unicamp; DJ Alok participa de mesa de debates sobre ancestralidade
Fernando Pacífico/g1
O evento
Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas reúne estudantes na Unicamp
A formalização do movimento estudantil indígena é um dos objetivos da nona edição do Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (Enei), que começou na terça-feira (26) no campus de Campinas da Unicamp.
O Enei é realizado desde 2013, quando ocorreu a primeira edição na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). O debate é necessário para que os saberes ancestrais sejam propagados e reconhecidos nas dinâmicas e problemas do mundo moderno, e seja enfatizado e cobrado o respeito à população indígena.
Um dos organizadores deste ano, Arlindo Baré avalia que o espaço é importante porque debate a permanência na universidade, tema que aborda as políticas sociais aplicadas para que os estudantes consigam frequentar as aulas e viver em Campinas.
"Paralelamente, nesse ano no Enei vai acontecer o primeiro encontro plurinacional de estudantes indígenas, que é a ideia de institucionalizar o movimento estudantil. A gente formalizar para que tenha uma representatividade melhor e mais forte. Mais organizada", completou Baré.
Os quatro dias de atividades serão preenchidos com programação cultural e de debates de conscientização. Intelectuais, ativistas e artistas indígenas vão participar.
"Para nós, acadêmicos indígenas, é muito importante esse espaço para poder interagir com outros parentes, mas também trazer as nossas lutas, as nossas demandas do território", afirma a estudante Aline de Souza da Silva.
Aline de Souza da Silva, estudante indígena da Unicamp
Pedro Santana/EPTV
"Nós temos que aprender, temos que estudar e levar nosso nome em frente da nossa etnia e do nosso povo", analisa Kamayurá Pataxó, da etnia pataxó.
Participação recorde
Os cerca de dois mil universitários de todo o Brasil que se inscreveram para esta edição representam um número recorde segundo a organização.
Entre os eventos, há debates, oficinas, simpósios temáticos e atividades culturais e formativas. Também estão previstas as lideranças indígenas e a participação do DJ Alok no Teatro Arena na quinta (28).
A agenda vai até sexta (29), confira a programação completa abaixo ou no site do Enei.
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Programação
9º Encontro Nacional de Estudantes Indígenas ocorre na Unicamp, em Campinas
Fernando Pacífico/g1
26 de julho
7h às 8h30 - Café da manhã
7h30 às 8h30 - Credenciamento
9h às 10h - Ritual de abertura
10h10 às 12h - Abertura do IX Enei Unicamp
12h às 14h - Almoço
14h às 16h - Simpósios temáticos 1, 2, 3 e 4
16h20 às 18h20 - Simpósios temáticos 5, 6, 7 e 8
18h30 às 20h - Jantar
20h às 21h - Noite Cultural
Participantes do 9º Enei na Unicamp, em Campinas
Sofia Lisboa
27 de julho
7h às 8h30 - Café da manhã
9h às 10h - Ritual da para início da atividade
10h20 às 12h - Mesa redonda 3 sobre Marco Temporal
12h às 14h - Almoço
14h às 18h - Mini Simpósio Indígenas - Mulheres, e os feminismos
Educação Escolar indígena diferenciada: derrubando os muros da colonialidade
Literatura Indígena: as vozes da ancestralidade
Saúde coletiva e Indigena frente ao impacto da covid
13h às 15h - Roda de Conversa sobre Economia Criativa - evento simultâneo
15h às 19h - Oficina de Transmutação Têxtil
14h às 17h - Feira de Roupas e Artesanatos Indígenas
18h30 às 20h - Jantar
19h30 às 22h - Desfile Abya Yala Criativa
20h às 21h - Noite Cultural
Desfile de moda
Fórum do Meio Ambiente e Sustentabilidade
9h às 12h: Transição Energética: Energia renovável em comunidades remotas
14h às 16h: Circuito em Laboratório Vivo
14h as 18h: Apresentação Institucional
14h as 16h: Roda de Conversa
28 de julho
6h às 8h - Café da manhã
9h às 11h30 - Mesa Redonda 1 - Pandemia e o genocídio dos povos indigenas: Estado Brasileiro no banco dos réus
12h às 14h - Almoço
14h às 16h - Mesa Redonda 2 - Ancestralidade e resistência na luta contra o epistemicídio
16h às 18h30 - Roda de conversa DJ Alok e Célia Xakriabá
15h30 às 16h30 - Mesa redonda: Ancestralidade e resistência na luta contra o epistemicídio
18h às 19h - Jantar
20h às 21h - Noite cultural
Fórum de educação - atual cenário das políticas de permanência
9h às 12h - Educação Indígena: Política públicas para educação básica e superior
14h às 18h - Debate público: O atual cenário das políticas de permanência
29 de julho
7h às 8h30 - Café da manhã
8h30 às 10h30 - Plenária: União Nacional dos Estudantes Indígenas
10h30 às 12h - Votação da Unei e próxima sede do Enei
12h às 13h - Almoço
15h às 17h - Ato Político
18h às 20h - Jantar
20h às 21h - Festa de encerramento
Fórum da saúde dos acadêmicos indígenas
8h30 às 9h - Ritual de Abertura
9h às 12h - Conhecimento tradicional e conhecimento acadêmico: Valorização e reconhecimento da medicina tradicional indígena
14h às 17h - Saúde dos acadêmicos indígenas
17h às 17h40 - Oficina dos acadêmicos indígenas da área da saúde: Quais nossas experiências e expectativas na universidade?
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