O pior momento da pandemia certamente passou, mas BH ainda tem uma transmissão do coronavírus que preocupa. O Boletim Infogripe, elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta quarta-feira (3) mostra que a cidade é a única capital do Brasil com incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) extremamente alta.
A incidência extremamente alta, conforme nota técnica da Fiocruz, se delimita a partir de 10 casos a cada 100 mil habitantes. BH, atualmente, tem uma taxa pouco maior que 10, mas ainda assim o quadro preocupa. Um quadro agudo de problemas respiratórios pode ocorrer por diferentes vírus, mas a Covid ainda demanda grande atenção por parte da população.
“Isso indica que a gente tem que manter todos aqueles cuidados (contra a transmissão da doença). Principalmente, reforçar a quarta dose da população acima de 50 anos. Vários trabalhos mostram que a quarta dose nessa população e naquela com algum fator de risco diminui os casos graves”, diz o infectologista Unaí Tupinambás, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Os casos de SRAG são aqueles considerados graves, portanto não entram todos os casos de doenças respiratórias. Apesar do quadro clínico não estar relacionado somente ao coronavírus, a Fiocruz informa que a prevalência do Sars-Cov-2 entre esses diagnósticos fica em torno dos 80%.
Ou seja, a cada cinco doentes respiratórios graves, quatro estão com Covid-19. “A gente vê que há uma redução no número de casos novos, mas a mortalidade e o número de casos graves ainda demoram um pouco para cair. É o que está acontecendo em Belo Horizonte”, diz Unaí Tupinambás.
De acordo com o pesquisador Leonardo Bastos, da Fiocruz, a Região Central de Minas Gerais não tem uma incidência extremamente alta de casos graves, o que é um bom sinal. "A macrorregião que BH pertence não está acima de 10 casos de SRAG por 100 mil habitantes. Na verdade, não temos macrorregião alguma em um nível extremamente alto", afirma.
Ainda assim, a incidência na Grande BH fica entre 5 e 10 casos graves a cada 100 mil pessoas, o que coloca a região numa classificação "muito alta", um degrau abaixo do cenário exclusivo da capital mineira.
A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde e aguarda posicionamento.
Por outro lado, em Minas Gerais, há uma probabilidade maior de 95% de redução de casos na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e curto prazo (últimas três semanas). Esse cenário dá uma segurança de que a incidência de diagnósticos graves de doenças respiratórias está em queda no Estado.
Apenas oito das 27 unidades federativas apresentaram sinal de crescimento nas últimas seis semanas: Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Piauí, Roraima e Sergipe. Os demais estados e o Distrito Federal mostram estabilidade ou queda na tendência de longo prazo.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 1,9% para influenza A; 0,1% para influenza B; 5,6% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 79,1% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 0,9% para influenza A; 0,1% para influenza B; 0,1% para VSR; e 95,7% para Sars-CoV-2 (Covid-19).