A conta do Twitter do professor foi suspensa. Ele havia postado nessa terça-feira (8/11) que a vacina contra a COVID-19 não preveniria ou impediria a contaminação pelo coronavírus, o que contraria as evidências e estudos científicos.
Em nota divulgada nesta quarta-feira (9/11), a assessoria da Faculdade de Medicina informou que "repudia veementemente quaisquer comportamentos discriminatórios" e "que reforça o que já é cientificamente notório: os imunizantes ofertados no país são eficazes contra a transmissão do coronavírus e os sintomas graves da doença".
Segundo estudantes e um professor da unidade ouvidos pela reportagem, Tostes é conhecido por posições consideradas racistas, machistas e homofóbicas e já teria sido alvo de outros processos administrativos que acabaram interrompidos.
Contatada pela reportagem, a diretora da Faculdade de Medicina da UFMG, professora Alamanda Kfoury, confirmou o teor da nota divulgada pelo Twitter e informou que a direção está tomando as providências necessárias ao caso.
Falas preconceituosas e fake news
Um tuíte atribuído ao professor e publicado em 6 de novembro, que foi printado por um usuário da rede antes de a conta de Tostes ser suspensa, sugeria que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estaria em tratamento de sérios problemas de saúde. Também sugeriu que o petismo seria uma doença “letal”: "Não é COVID. Sou médico. É PT-vid, cepa letal, sem tratamento. Tempo de vida: 12h", disse.
Em 5 de novembro, outro tuíte atribuído a Tostes traz comentários de teor transfóbico direcionados à deputada federal eleita Duda Salabert (PDT). Outro, em resposta ao deputado André Janones (Avante), faz comentários irônicos com conotação sexual sobre o apoio a Lula. Já mensagem dirigida ao empresário Elon Musk, que recentemente comprou o Twitter, sustenta que as eleições brasileiras teriam sido fraudadas e que o país teria “voltado para a União Soviética”.
Em comentário sobre um tuíte do ex-jogador de futebol Juninho Pernambucano, que apoiou a candidatura de Lula, mensagem atribuída a Tostes questionou: "Catarinense não é, né?", sugerindo que a opinião do ex-atleta seria diferente se ele não fosse nordestino.
O Estado de Minas tentou contato com o professor Mauro Augusto Tostes Ferreira, por telefone e por e-mail, para que se manifestasse sobre as declarações que são atribuídas a ele e o processo administrativo anunciado pela Faculdade de Medicina da UFMG, mas ainda não obteve resposta. O espaço está aberto para que o médico se manifeste. Caso haja posicionamento, esta reportagem será atualizada.
* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata
Estado de Minas