Na manhã desta sexta-feira (21), a Câmara Municipal de Mariana realizou uma reunião extraordinária para a votação do Projeto de Lei 37/2025, que concedeu um reajuste salarial de 5% para os servidores municipais. Apesar da mobilização intensa por parte dos servidores e do Sindicato dos Funcionários e Servidores Públicos Municipais de Mariana (Sindserv), o projeto foi aprovado, com votos contrários apenas dos vereadores Marcelo Macedo (PSDB), Zezinho Salete (PSDB) e José Sales (PDT).
A proposta, enviada pelo Executivo Municipal, justifica o reajuste com base na inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024, visando recompor o poder de compra dos vencimentos dos servidores da administração direta e de suas autarquias. No entanto, a categoria critica o percentual, alegando que a arrecadação municipal permite um reajuste maior e que não houve diálogo com os representantes sindicais antes da definição da proposta.
O projeto aprovado autoriza a revisão geral das remunerações de servidores efetivos, comissionados, agentes políticos, servidores do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais (IPREV), ocupantes de função pública, conselheiros tutelares, aposentados e pensionistas. O reajuste terá efeito retroativo a 1º de janeiro de 2025.
O menor vencimento básico da administração municipal foi fixado em R$ 1.518,00, enquanto o valor do auxílio-alimentação passou para R$ 660,00. Entretanto, os servidores argumentam que os valores são insuficientes diante do alto custo de vida na cidade.
O presidente do Sindserv, Francisco Assis, conhecido como Chico Veterinário, manifestou insatisfação com o percentual aprovado e pediu aos vereadores que rejeitassem o projeto. Segundo ele, a proposta desconsidera as dificuldades enfrentadas pela categoria. "O sindicato, representando os servidores que estão aqui e outros que estão lá fora, não aceita 5%. Hoje, há pessoas passando necessidade porque não é só alimentação. O custo de moradia em Mariana é altíssimo", declarou.
A professora aposentada Beth Cota também criticou a falta de diálogo da prefeitura com o sindicato. "Estamos aqui apenas para reivindicar o que é de direito nosso. Como podemos aceitar um reajuste de 5% sem que uma entidade que nos representa tenha sido ouvida? O orçamento municipal aumentou significativamente nos últimos anos. Então, por que não há margem para um reajuste mais justo?", questionou.
O vereador Marcelo Macedo (PSDB) defendeu um aumento de 16,34%, relembrando que, em 2022, quando a arrecadação de Mariana era de R$ 533 milhões, foi concedido esse mesmo percentual de reajuste. "Hoje, temos um orçamento de aproximadamente R$ 950 milhões. Então, por que não podemos conceder os 16,34%? Qual a justificativa para um reajuste tão baixo?", indagou.
Macedo também questionou a criação de novas funções na prefeitura e o aumento salarial dos secretários, enquanto os servidores recebem apenas 5%. "Esse aumento atual não cobre nem meio quilo de café. O servidor é a base do funcionamento da cidade e deveria ser valorizado", afirmou.
Mesmo com a aprovação do projeto, os servidores mantiveram paralisação na sexta-feira e seguiram com o protesto na segunda-feira, reivindicando a abertura de um canal de negociação para discutir um percentual maior de reajuste.
A categoria se organiza para novas manifestações e pressiona a prefeitura para reabrir as negociações, na expectativa de que o percentual de aumento seja revisto e ajustado de acordo com a arrecadação municipal e o custo de vida na cidade.
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